sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Escolhendo a Vida!!!


CF2008 – 1ª Semana

Escolhendo a vida


Todos os anos a Igreja, na época da Quaresma, propõe um tema de reflexão e conversão. Sem dúvida, os assuntos são desafiadores, polêmicos e... incomodam muito. Como se não bastasse colocar o problema diante de nossos olhos, ela ainda nos convida a mudar, a nos deixar transformar à luz do Evangelho... E, este ano, resolveu caprichar: vamos falar da vida. Da vida concreta, nos dias em que vivemos, ameaçada, agredida, discutida, desvalorizada, banalizada. Da vida das pessoas e do planeta, dos embriões e dos doentes terminais. Da vida na ótica dos cientistas e na prática dos políticos. Da vida como dom de Deus. E optemos sempre por ela.

1. Escolhendo a vida desde seu início
Num desses cartões de propaganda que podem ser encontrados em bares e restaurantes, surgiu, entre tantos outros, um muito inquietante que falava de liberdade. Era algo como: todo cidadão tem direito ao prazer, a decidir sobre o aborto, etc. E uma frase incluída entre vírgulas após a palavra cidadão dizia: inclusive os católicos...

No noticiário de uma importante rede de televisão e rádio da quarta-feira de cinzas, comentando a abertura da Campanha da Fraternidade deste ano, o repórter disse que o tema iria gerar polêmica, porque a Igreja católica estava reafirmando sua posição tradicional. Havia um tonzinho de crítica na voz da moça que fazia a reportagem, enfatizando que a Igreja proibia o aborto até em caso de estupro...

Uma revista meio intelectual publicou, há uns dois anos, o depoimento de várias personalidades do mundo artístico que haviam feito um ou mais abortos. Depoimentos contundentes que revelavam dor, mas também egoísmo e irresponsabilidade. Mas o tom da revista era algo como: faça o que quiser com seu corpo, com a vida e que se danem os outros, afinal você é livre...

Outro dia mesmo, foi veiculada a foto de um grupo de mulheres que participavam empolgadíssimas de uma manifestação de “católicas pelo direito ao aborto”...

Diante disso, é fácil chegar a uma conclusão rápida: vivemos tempos difíceis e ser católico parece que está ficando um pouco mais complicado, porque os novos tempos nos interpelam de forma cruel: quem, afinal, são vocês, católicos?

A Campanha da Fraternidade incomoda, sim, e sempre incomoda bastante. E incomoda porque falta fraternidade, porque falta coerência de nossa parte, porque não vivemos na justiça, porque camuflamos a verdade, porque criamos uma religião sob medida. A nossa medida. Não parece estranho rezar dezenas de ave-marias, invocando o mais belo título de Maria, Mãe de Deus, e ser a favor do aborto ou distribuir preservativos à vontade para adolescentes na véspera do carnaval?

Quando se fala que a legalização do aborto diminuiria o número de mortes das mulheres pobres, porque as ricas se viram bem em clínicas particulares, o que estamos tentando resolver? Será que, realmente, alguém espera que a Igreja católica aprove o aborto, que recomende a seus fiéis que façam sexo à vontade, quando bater o desejo, sem amor ou responsabilidade, que traiam seus companheiros por um momento de prazer mais emocionante, que financie, em todo o mundo, a construção de motéis, casas de massagem, bares onde se negociam garotas de programa?

A missão da Igreja é fazer memória de Cristo Jesus e anunciar a Boa Nova da Salvação. Isso implica, também, defender a vida e sua dignidade. Não pode haver anúncio do Evangelho, se não houver um empenho pela vida: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em plenitude, em abundância”, insistiu Jesus.

O problema é que a vida dá trabalho, porque precisa ser cuidada, reverenciada, amada, mais cuidada ainda, respeitada, dignificada, valorizada.

E os nossos tempos mandam viver a vida, curtir a vida, cada um pensando em si. O “eu me amo” tornou-se o novo lema filosófico; a liberdade e o poder aliaram-se ao binômio sexo livre e dinheiro a todo custo. Virou sinal de inteligência ser contra tudo o que é família, religião, moral, ética, pudor. Realmente, defender a vida, como Jesus queria, em nossos tempos, está ficando difícil.

Contudo, é preciso defendê-la, sim. E não achar que o aborto é solução para a mulher nem para a criança; e não achar que nosso corpo é uma máquina, um instrumento, uma cobaia; e não aceitar que erotizem nossas crianças, que manipulem nossos adolescentes; e não admitir que descartem o não belo, o não saudável, o não produtivo, o velho, quando se tratar de seres humanos.

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